quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cap XIX

Todos os dias eu iria para o hospital o visitar, passava a tarde inteira com ele, Lucas ainda estava com suas sessões de quimioterapia para o prolongamento de sua vida, e eu acreditava que um milagre iria acontecer ainda. Lucas tentava ser o mais forte possível, sempre sorridente e fazendo piadinhas, como sempre.

Em uma tarde, eu levei umas canetas e uma camiseta branca, aonde eu e ele passamos a tarde inteira escrevendo nela, como já não bastasse de escrever em toda camiseta, Lucas pega uma camiseta da sua mala, e começa a escrever.

_O que você esta fazendo seu loco? – Perguntei.

_Não é justo só você ter uma camiseta assim, eu também quero. -Rimos nos beijamos, e passamos a tarde inteira escrevendo na camiseta.

Na tarde do dia 18, eu estava indo para o hospital, minhas aulas tinham começado, tinha varias novidades para contar para o amor da minha vida. Vou até o quarto aonde Lucas estava internado, e não o achei, suas roupas ainda estavam lá, porem, o mais importante que era ele, não estava. Acreditei que ele estava andando em algum corredor do hospital, vou até a recepção que não ficava longe do quarto, e pergunto para a moça.

_Oi... Você sabe aonde o Lucas foi? – Foi a primeira vez que eu não tive medo da resposta, pois no domingo onde, Lucas estava perfeitamente bem.

_O Moço do quarto 204? – Pergunta ela mexendo em alguns papeis, eu falo que sim, concordando com a cabeça. Ela para de mexer nos papeis, pega minhas duas mãos, que estava em cima do balcão, e respira fundo- Ele foi para a UTI na madrugada, sentia forte dores, e a morfina não adiantou nada.

Deixo a minha mochila cair no chão, começo a tremer, por um momento, parecia que não estava em mim, minha cabeça estava vazia, e uma voz feminina bem no fundo me chamava de Moço. Volto.

_Onde o Lucas está? Eu preciso ver ele!!! – Grito para a moça, a pegando pelo colarinho de seu camisete.

_Calma moço, tenta manter a calma! – Pede, talvez estivesse com medo. Eu estava descontrolado, os guardas me tiram de cima da moça, bruscamente, mas ela sabia muito bem o que eu tava passando naquele momento. –Não batam nele, ele está nervoso, sente ele aqui no banco.

Como dito, eles me sentaram no banco, aonde eu chorei sem vergonha.

_Eu quero o Lucas – dizia eu chorando no ombro de um dos guardas, lembro-me da feição dele até hoje, ele era um gordinho, aparentemente uns 35 anos, mulato, ele dava tapinhas nas minhas costas como consolo. Minha mente só vinha o Lucas, era a única coisa que eu poderia pensar, como que o Lucas estava.

A moça da recepção veio com um comprimido e um copo de água.

_Tome, você precisa se acalmar – Disse ela me dando o comprimido e o copo.

_Não, eu preciso do Lucas... – Disse entre soluços e lagrimas. Mas mesmo assim não deixo de tomar o comprimido e o copo de água.

Momentos depois, eu já estava calmo, o remédio tinha feito efeito, fui até a UTI, aonda encontro Sueli, avistando Lucas pelo vibro. Ela chorava, me aproximo dela, e o abraço.

_Eu não quero que o Lucas morra – disse eu mais uma vez começando a chorar, ela me abraça apertado e sussurra em meu ouvido.

_Lucas sempre foi um garoto forte, ele não vai nos deixar Douglas, tenha certeza disso – ela chorava também, passou a mão em meus cabelos.

Foi horrível!Foi Horrível ver Lucas conectado em um monte de aparelhos, uns tubos. Você sabia que ele estava sofrendo, mas não podia fazer nada, é a pior sensação que uma pessoa pode ter. Ele via, ele precisava de ajuda, mas eu não podia fazer nada, por mais que eu quisesse.

No mesmo dia Lucas acorda dos efeitos causados pelos remédios, ele fica consciente novamente, porem, iria permanecer na UTI, era melhor para ele. Minha mãe não deixava eu passar a noite no hospital, pois no dia seguinte eu teria aula. Por mais que eu não quisesse ir para a aula, eu era obrigado.

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